Descendente dos Pais de Tiradentes

Sobrinha-neta do Barão de São Carlos, do Barão do Rio do Ouro e da Baronesa de Santo Antonio

Batizada em 18 de Outubro de 1876, na Paróquia de São Pedro de Alcântara, do Rolcharia, termo de Juiz de Fora. Falecida em 24 de Julho de 1977, no Largo dos Leões, no Humaitá, Rio de Janeiro.

Filha do Fazendeiro Affonso Júlio de Miranda e Innocência Pereira Nunes. Neta paterna de Antonio José de Miranda e Maria José de Cortona. Neta materna de Vitório Pereira Nunes e Maria Vitória da Rocha.

Bisneta paterna do Capitão José de Miranda Ramalho e Maria Rodrigues da Silva. De José Antonio de Magalhães e Maria Rita de Jesus Xavier. Bisneta materna de Inácio Pereira Nunes e de Dona Leocádia Vasconcellos de Araújo. Terceira neta paterna de João de Miranda Ramalho e Maria Teixeira de Carvalho. De André Rodrigues Chaves e Gertrudes Joaquina da Silva. De José Antonio de Andrade e Valentina Tereza de Jesus. De Joaquim Rodrigues Chaves e Rosa Maria de Jesus. Terceira neta materna de Antonio Nunes da Silva e Ana Pereira. De Bento Borges de Araújo e Maria Joaquina de Vasconcellos Quarta neta paterna de Manoel Antonio e Ana Gonçalves de Miranda. De Domingos Teixeira de Carvalho e Luiza Costa Ferreira. De Domingos Chaves e Maria Rodrigues. De Thomaz da Silva e Valentina de Mattos. De João Crisóstomo de Magalhães e Bárbara Maria Dias. De André Rodrigues Chaves e Gertrudes Joaquina da Silva. De Francisco Ferreira de Sousa e Antonia Rita de Jesus Xavier. Quinta neta paterna de Antonio de Carvalho e Maria Teixeira. De João Costa Ferreira e Domingas Teresa. De Domingos Álvares e... De José de Torres e Teresa da Silva. De Miguel Barbosa e Ursula Mendes. De João... De Magalhães e Ana Maria de Andrade. De Mathias Álvares Negrão e Maria de Marins do Prado. De Domingos Chaves e Maria Rodrigues. De Thomaz da Silva e Valentina de Mattos. De Carlos Ferreira de Sousa e Rosa de Azevedo. De Domingos da Silva dos Santos e Antonia da Encarnação Xavier. Sexta neta paterna de Manoel Soares e Inês Arouche. De Antonio de Matos e Maria Costa. De Manoel Mendes de Souza e Páscoa da Silva. De Domingos Álvares e... De José de Torres e Teresa da Silva. De Miguel Barbosa e Ursula Mendes. De Manuel Afonso de Sousa e Maria de Azevedo. De André da Silva e Mariana da Matta. De Domingos Xavier Fernandes e Maria de Oliveira Colaço. Sétima neta paterna de Domingos Cabral de Sousa e Ursula Mendes, a Velha. De Fernando Rocha e Antonia Corrêa. De Manoel Soares e Inês Arouche. De Antonio de Matos e Maria Costa. De Manuel Mendes de Sousa e Páscoa da Silva. De Domingos Rodrigues e Catarina Fernandes. De Antonio de Oliveira Setubal e Isabel de Oliveira Colaço. Oitava neta paterna de Manoel de Sousa e Maria Cabral de Melo. De Domingos Cabral de Sousa e Ursula Mendes, a Velha. De Fernando Rocha e Antonia Correa. De João Fernandes e Esperança Fernam. De Hieronimo Setubal e Brazia de Oliveira. De Antonio de Oliveira Gago e Ana da Cunha. Nona neta paterna de Fernando Cabral de Melo e Sebastiana Cabral. De Manuel de Sousa e Maria Cabral de Melo. De Martinho de Oliveira Gago e Catarina Pereira Sardinha. De Antonio da Cunha e Paula Gonçalves. Décima neta paterna de Gonçalo Carvalho da Câmara e Helena Fernandes de Melo. De Aleixo Manuel, o Moço, e Isabel Cabral. De Fernando Cabral de Melo e Sebastiana Cabral. De Pedro Colaço e Juliana de Oliveira. De Manuel da Cunha e Catarina Pinto. Décima primeira neta paterna de Aleixo Manuel Albernaz e Francisca da Costa Homem. De Gonçalo Carvalho da Câmara e Helena Fernandes de Melo. De Aleixo Manuel, o Moço, e Isabel Cabral. De Salvador Teixeira da Cunha e Maria Mendes. De Pedro Colaço, o Velho, e Brígida Machado, a Velha. De Manuel de Oliveira Gago, o Velho, e Felipa da Mota. Décima segunda neta paterna de Aleixo Manuel Albernaz e Francisca da Costa Homem. De Fuão Albernaz e... Faria. De Jordão Homem da Costa e Apolônia Domingues. De Rui Dias Machado e Cecília Rodrigues. De Antonio de Oliveira e Genebra Gago. De Vasco Pires de Mota e Felipa Gomes da Costa. Décima terceira neta paterna de Jordão Homem da Costa e Apolônia Domingues. De Fuão Albernaz e... Faria. De Aniceto Vaz da Mota e Felipa de Sá. De Estevão da Costa e Isabel Lopes de Sousa. Décima quarta neta paterna de Martim Afonso de Sousa.

O ROMANCE
Ele era Promotor de Justiça em Itaperuna, para onde Honorina viajava de tempos em tempos pra ficar com a madrinha.

“Ele passava a cavalo e via vovó na janela. Apaixonaram-se”. (Antonieta Inocência Vieira Ferreira Morpurgo)

Quando Honorina voltou para casa, em Paraíba do Sul, Fernando Luis lhe dedicou esses versos:

PRECE
A Mlle...

Partes... Não sabes que saudade immensa
Vem augmentar o meu isolamento:
É noite, minha amiga, e a treva é densa
Sem um astro siquer no firmamento.

Surge, meu sol, surge outra vez e pensa
Que si tiveres um regresso lento,
Breve sentindo o vácuo da descrença,
Minha alma tombará no desalento.

Não voltas mais... Oh dor, oh desespero!
Porque se eclypsa a luz de teu semblante
Subitamente assim?

O meu destino é mais feroz que Nero,
Estou cego, meu Deus! Sem norte, errante,
O que será de mim?

Fernando Ferreira
Itaperuna, 16 de Agosto de 1894.

A poesia, por certo, comoveu Honorina que aceitou o seu pedido de casamento:

“O noivado não durou muito. Eles se conheceram e se casaram em dois meses”. (Lilia Barcellos)

O que se confirma pelo confronto das datas da poesia e do casamento: 16 de Agosto e 8 de Novembro... Exatos 2 meses e 22 dias!

VIDA EM FAMÍLIA
Pelas fotos dos passeios, acreditamos que tenham tido uma vida feliz e cheia de emoções. Paixão que se prolongou por toda a vida, considerando-se as cartas desesperadas de Honorina quando, já casada, foi obrigada a viver longe dele, então Juiz no Acre.

AS BODAS DE OURO
Em 8 de Novembro de 1944 comemoram as Bodas de Ouro, reunindo a família na Moreira César.

CARTA DA MADRINHA
Era afilhada de Dona Eliza Dutra de Rezende, mulher de Jayme Vieira de Rezende.

Pequena Biografia
Jayme Vieira de Rezende. Nasceu na Fazenda do Rochedo, município de Cataguazes, em 30 de abril de 1886; casou-se em 13 de fevereiro de 1885, com sua prima D. Elisa Dutra de Rezende, filha de seus tios Antonio Vieira da Silva Rezende e de D. Carlota Dutra de Rezende, então proprietários da Fazenda Itaguassu, no actual município de Mirahy. Educado no tradicional “Colégio do Caraça”, foi fazendeiro nos Estados de Minas e Rio de Janeiro e comerciante no Espírito Santo. Jayme Vieira de Rezende é nome de Rua e Avenida no Espírito Santo. Faleceu em Vitória, em 15 de Setembro de 1913, deixando viúva e os seguintes filhos: 1- Mercedes Rezende, nascida em 16 de Março de 1891. Casada com Paulo Pacheco, em 15 de fevereiro de 1912. 2- Hermano Vieira de Rezende, nascido em 17 de Abril de 1894. Casado com Dona Leonarda Moreira, em 27 de maio de 1919. 3- Osmane Vieira de Rezende, nascido em 27 de dezembro de 1900. 4- Flora Rezende de Oliveira, nascida em 26 de Maio de 1902. Casada com Hostilio Ximenes de Oliveira, no dia 22 de fevereiro de 1922 (Família Rezende)

Honorina
Recebi tua carta e fiquei muito satisfeita pela a tua chegada mas recebi hoje a tua carta e infelizmente não posso te fazer uma vizita, porque a Mercedes está passando mal com dor de Olhos, e estou com viagem marcada para Cataguazes, tem já condução lá me esperando. Segunda feira vou muito aborrecida se não puder estar contigo e te dar um apertado abraço, peço-te para vir e a Dr. Fernando para virem cá antes de eu seguir para Cataguazes, manda-me um telegrama para eu mandar te esperar na Estação. Traga a Guiomar, venha sesta ou sabbado sem falta que estou ancioza para ver-te. No mais, eu Jaime e Meninos muito te recommendamos a Dr. Fernando, teus Pais e Guiomar. Sou tua Madrinha e Amiga que muito te estima.

Elisa Dutra de Rezende
17 de Abril de 1893

NB Se tivesse recebido a tua carta logo que chegou ahi já tinha ido te vizitar, venha te pesso mais uma vez.

Foram Pais de:

1. JOAQUIM VIEIRA FERREIRA NETTO
(V. Meus Avós – Dra. Alzira Nogueira Reis)

2. ELISA ATLÂNTICA VIEIRA FERREIRA. Nascida em 2 de Maio de 1897. Falecida menina.

3. FERNANDO LÍVIO VIEIRA FERREIRA. Funcionário dos Correios e Telégrafos. Nascido em Paraíba do Sul, em 26 de Agosto de 1898. Falecido nos anos 80, solteiro, com mais de 80 anos. Sem Geração.

4. JOÃO BATISTA VIEIRA FERREIRA. De apelido Ivan. Nascido em Barra Mansa, em 21 de Maio de 1900. Falecido em 8 de Abril de 1966. Casado com a Professora Márcia da Costa Santos. Com Geração.

5. THEREZA DE JESUS MARIA VIEIRA FEREIRA. Nascida em 22 de Julho de 1901, em Barra Mansa. Falecida em 2 de Fevereiro de 1966, em Niterói. Casada, em 1919, em Nova Friburgo, com o Coronel Médico Dr. Admar Morpurgo. Com Geração.

Pequena Biografia: Dr. Admar Morpurgo nasceu em 16 de Julho de 1897, no Rio de Janeiro. Faleceu em 16 de Dezembro de 1969, filho único de Dona Antonieta César Dias e do Dr. Eduardo Morpurgo.

6. MARCO TÚLIO VIEIRA FERREIRA. Nascido em Paraíba do Sul, em 25 de Outubro de 1905. Falecido em 17 de Abril de 1939.

7. MARIA DAS DORES VIEIRA FERREIRA. Tia Mary. Nascida em Paraíba do Sul, em 10 de Novembro de 1906. Falecida no Rio de Janeiro, nos anos 80. Faleceu solteira. Sem Geração.

8. BEATRIZ VIEIRA FERREIRA. De apelido Tia Ba. Nascida em 16 de Julho de 1910, na Rua Bonfim, no Rio de Janeiro. Falecida em 1999, em Curitiba. Casada, em 1931, com o Engenheiro Fernando Nascimento Silva, nascido em 10 de Janeiro de 1905 e falecido em 13 de Julho de 1967, filho do Dr. Ernesto Nascimento Silva e de Dona Alda Campos, portuguesa do Porto. Com Geração.

Pequena Biografia: Fernando era Engenheiro, nasceu em 10 de Janeiro de 1906 e faleceu em 13 de Julho de 1967, no Rio de Janeiro. Passou a infância na Rua Afonso Pena, na Tijuca. Estudou no Colégio Pedro II e cursou Engenharia na Escola Politécnica, formando-se em 1929. Dedicou-se ao magistério em diversas instituições de ensino sendo docente da cadeira de Geologia da Escola Nacional de Engenharia. Ingressou a seguir no quadro técnico do antigo Distrito Federal, tendo a oportunidade de pesquisar a formação geológica da terra da Guanabara, sua grande paixão! Responsável pela reedição do livro “Rio de Janeiro em seus 400 Anos”. Deixou numerosos trabalhos de natureza científica e literária em folhetos, revistas técnicas e periódicos diversos. Autor do Romance Histórico “O Homem que queria Matar o Vice-Rei”. Deu nome à Rua Engenheiro Fernando Nascimento Silva, em Laranjeiras. (Fernando Ernesto Nascimento Silva)

9. AFONSO JÚLIO VIEIRA FERREIRA, Funcionário dos Correios e Telégrafos. Nascido em Nova Friburgo, em 12 de Março de 1913. Falecido no final dos anos 90, com mais de 80 anos. Casado com Mair Beque, funcionária dos Correios. Sem Geração.


Pesquisa
Anamaria Nunes

Fotos Antigas:
Acervo Nieta Morpurgo




sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ESTEVES

DESCENDÊNCIA
Pais de Grácia Martins
Avós de Dr. Pedro Esteves
Bisavós de Dona Maria Pinheiro
Terceiros Avós de Lopo de Sousa
Quartos Avós de Martim Afonso de Sousa
Quintos Avós de Izabel Lopes de Sousa
Sextos Avós de Filipa Gomes da Costa
Sétimos Avós de Filipa da Mota
Oitavos Avós de Juliana de Oliveira
Nonos Avós de Martinho de Oliveira Gago
Décimos Avós de Antonio de Oliveira Gago
Décimos Primeiros Avós de Isabel de Oliveira Colaço
Décimos Segundos Avós de Maria de Oliveira Colaço
Décimos Terceiros Avós de Antonia da Encarnação Xavier
Décimos Quartos Avós de Antonia de Jesus Xavier
Décimos Quintos Avós de Rosa Maria de Jesus
Décimos Sextos Avós de Maria Rita de Jesus
Décimos Sétimos Avós de Maria José de Cortona
Décimos Oitavos Avós de Afonso Júlio de Miranda
Décimos Nonos Avós de Honorina Pereira Nunes de Miranda
Vigésimos Avós de Joaquim Vieira Ferreira Neto
Vigésimos Primeiros Avós de José Bento Vieira Ferreira
Vigésimos Segundos Avós de Anamaria Nunes Vieira Ferreira


1. GRÁCIA ESTEVES. Depois de viúva foi Abadessa do Mosteiro de Corpus Christi.

Casada com DR. MARTIM DOMINGUES.

Pelo que já ficou dito e pelo que acrescenta Gaio, Grácia Martins, irmã de Catarina Martins, era filha do doutor Martim Domingues, cidadão do Porto, onde instituiu o referido Hospital do Corpo de Deus, na rua das Congostas, e de sua mulher Grácia Esteves, que depois de viúva foi abadessa do mosteiro de Corpus Christi (Gaia). Quer Gaio que este doutor Martim Domingues fosse neto de Martim Domingues de Medelo, o que é muito de duvidar. Com efeito, Grácia Martins nasceu entre 1375 e 1380 e seu pai não terá nascido antes de 1340, pelo que dificilmente seria neto de Martim Domingues de Medelo, que depois de viúvo foi cónego das sés de Lamego (1270-92) e Viseu, prior da Colegiada de Stª Mª de Almacave (Lamego) e reitor de Stª Mª de Soutelo (Pesqueira). Este Martim Domingues era irmão de D.Geraldo Domingues, bispo do Porto (1300-1308) e de Évora (1313-1321), que a 28.4.1317 instituiu para seu sobrinho Vasco Martins (filho do dito Martim Domingues) o morgadio de Medelo (Almacave, Lamego), com sua capela de Stª Catarina na Sé de Lamego, com cabeça na sua quintã de Medelo e vinculando-lhe várias propriedades distribuídas por quase todo o país. Estipulou que a Vasco Martins devia suceder seu outro sobrinho, Egas, filho de seu irmão Vicente Domingues. Martim Domingues e D.Gerado Domingues eram ambos filhos de Estêvão Domingues, reitor da igreja de Penude (Lamego) e descendentes de um Jogundo de Medelo.

Foram Pais de:

1.1 Grácia Martins, que segue.

1.2 Catarina Martins.

Gaio cita e transcreve o testamento de sua tia materna Catarina Martins, onde esta faz seu testamenteiro e herdeiro «Braz Esteves meu sobrinho, Tesoureiro que ora he da dita Igreja de G.es». Esta Catarina Martins tinha «o Hospital do Corpo de Deus que está na Rua das Congostas da dita cidade (Porto), o qual edificou o Dr. meu Padre».

Neste testamento, segundo a transcrição de Gaio, é ainda referida «Gracia Martins minha irmã, mãe do dito meu sobrinho».

2. GRACIA MARTINS. Ama de leite de Dom Fernando, futuro Duque de Bragança. Falecida em 29 de Junho de 1429.

E, de facto, Estêvão Anes foi casado com Grácia Martins, que, como vimos, em 1403 era ama de leite de D. Fernando, futuro duque de Bragança.

Casada com ESTEVÃO ANES. Escudeiro de Nuno Álvares Pereira. Nascido por volta de 1370.

Diz também que Estêvão Anes era irmão de Álvaro Anes de Cernache, que foi anadel-mor dos besteiros a cavalo. Este Álvaro Anes já a 3.10.1385, sendo escudeiro de Rui Mendes de Vasconcellos, teve mercê da colheita de Coja e dos casais de Andoinha, no bispado de Coimbra, pelo que não nasceu depois de 1365.
Apesar de ter tido um filho natural (Fernão Álvares Vieira, havido em Clara Anes, legitimado por carta real de 23.7.1422), não o fez seu herdeiro, pois vários autores dizem que viram o seu testamento, que estava no cartório das freiras de Corpus Christi (Gaia), no qual deixava por herdeiro de seu morgado o doutor Pedro Esteves, seu sobrinho.

Estêvão Anes terá assim nascido entre 1360 e 1370, o que concorda com a cronologia dos filhos, nascidos entre 1395 e 1403.

Escudeiro do condestável Nuno Álvares Pereira,

Segundo Gaio, que diz ter visto no Arquivo da Casa de Bragança o pergaminho original da doação, a 10.5.1416 o condestável Nuno Álvares Pereira doou o reguengo de Alviela, no termo de Santarém, a Estêvão Anes, seu escudeiro, e sua mulher Grácia Martins. E, em data não referida, diz Gaio que ainda lhes emprazou por três vidas umas casas em Barcelos, junto à cadeia, e uma cortinha nova, chamando a Grácia Martins «boa comadre» e declarando que fora ama de seu neto. Ainda segundo Gaio, sabe-se que esta Grácia Martins morreu a 29.6.1429, pois isso mesmo diz seu viúvo numa carta que terá escrito a seu filho Pedro Esteves, informando-o da morte da mãe, datada de 21 do mês seguinte O mesmo autor refere vária correspondência de Estêvão Anes, onde se patenteia que tinha então três filhos: Braz, João e Pedro Esteves.

Foram Pais de:

O mesmo autor refere vária correspondência de Estêvão Anes, onde se patenteia que tinha então três filhos: Braz, João e Pedro Esteves.

Como ficou dito, da documentação que Gaio apresenta verifica-se que Estêvão Anes e sua mulher tiveram três filhos: Braz, já referido, João e o doutor Pedro Esteves.

2.1 Braz Esteves. Tesoureiro da Colegiada de Guimarães, em 1417.

Seu filho mais velho foi Braz Esteves, que não pode ter nascido depois de 1395, pois em 1417 já era tesoureiro da Colegiada de Guimarães. Gaio cita e transcreve o testamento de sua tia materna Catarina Martins, onde esta faz seu testamenteiro e herdeiro «Braz Esteves meu sobrinho, Tesoureiro que ora he da dita Igreja de G.es». Esta Catarina Martins tinha «o Hospital do Corpo de Deus que está na Rua das Congostas da dita cidade (Porto), o qual edificou o Dr. meu Padre». Neste testamento, segundo a transcrição de Gaio, é ainda referida «Gracia Martins minha irmã, mãe do dito meu sobrinho».

2.2 João Esteves. Colaço do Duque Dom Fernando.

Dúvida
Gaio diz que João Esteves foi colaço do duque D. Fernando, a quem serviu desde menino, e que a 10.10.1422 o fez seu almoxarife e juiz dos direitos reais de Guimarães e seu termo e seu recebedor das rendas. Acrescenta que a 12.11.1448 João Esteves consta como almoxarife de Guimarães, Neiva, Ponte de Lima e Viana na escritura que se fez de composição entre o infante D. Pedro, duque de Coimbra, e o duque D. Afonso de Bragança, para ajustar as diferenças que entre ambos havia. E que consta como vedor das obras dos seus paços numa carta do condestável para Estêvão Anes, seu pai, e numa portaria da duquesa D. Constança, dada em Guimarães a 11.7.1449, pela qual lhe mandou dar vinte coroas de ajuda de custo e as bestas que lhe fossem necessárias para acompanhar o duque D. Afonso à romaria de Nossa Senhora da Lapa.

Casado com Catarina Pires.


Dúvida
Acrescenta Gaio que João Esteves casou com Catarina Pires, cujos pais se desconhecem, e que se teve filhos estes não deixaram geração, pois escreveu a seu pai, em data não referida, dando-lhe conta do que determinava e pedindo-lhe a sua aprovação para deixar seus bens ao sobrinho Álvaro Pinheiro. O que fez, acrescenta Gaio, por testamento de 1.12.1453, lavrado em Barcelos, estando doente, aprovado no dia seguinte por Aires Gonçalves, notário público, no qual instituiu por ser herdeiro e testamenteiro Álvaro Pires, seu sobrinho e afilhado, filho do doutor Pedro Esteves seu irmão, para que herdasse todos os seus bens móveis e de raiz, vinculando tudo em morgado, a que juntou também a quinta de Vila Verde e as bouças de Pedro dralois, que veio a ser chamado o morgadio de Pouve, determinando ainda que se o dito Álvaro morresse ficaria herdeiro seu irmão Pedro Esteves, se vivo fosse, e sendo falecido seu filho Diogo, sendo que sua mulher Catarina Pires haveria a administração do morgado juntamente com o herdeiro.

A Verdade
Mas toda esta informação não bate certo com a documentação que consegui colher. Na verdade, se aceitarmos como verídica a documentação que Gaio cita sobre a ascendência de João Esteves, o seu casamento e o seu testamento, então temos de recusar que tenha sido almoxarife de Guimarães. Com efeito, o João Esteves, escudeiro do duque de Bragança, que foi, entre outras coisas, almoxarife de Guimarães, não é filho de Estêvão Anes mas sim de Estêvão Rodrigues. E teve vários filhos documentados, que lhe sucederam. Pelo que, aceitando a existência de um Estêvão Anes, de Barcelos, s.g., irmão do doutor Pedro Esteves e ambos filhos de Estêvão Anes, não o podemos identificar com o outro João Esteves, de Ponte de Lima, também dito João Esteves da Ponte, que foi escudeiro do duque de Bragança e, nomeadamente, almoxarife de Guimarães.

Assim, o João Esteves, de Barcelos, é seguramente o João Esteves que a 20.4.1439 D. Afonso V confirmou no cargo de juiz das sisas de Barcelos, para que tinha sido nomeado por D. Duarte a 4.1.1434. E, dada a cronologia e onomástica, sua e da mulher, é possível, apesar da geografia, que seja o João Esteves cuja mulher, Catarina Pires, moradora em Moura, a 13.6.1452 teve carta de perdão, na sequência do perdão geral outorgado aos que participaram nos desacatos, assaltos e mortes na vila de Moura, tendo pago 200 reais de prata para a Chancelaria. Ou seja: este João Esteves, juiz dos órfãos de Barcelos, não foi sequer escudeiro do duque de Bragança.

Bem diferente deste é o outro João Esteves, que aliás Gaio refere nos Pontes Ledos, casado com Beringeira Dias, sobre o qual, e respectiva família, reuni a seguinte documentação:

1. A 27.8.1434 D. Duarte confirmou a honra e couto da quintã de Gominhães (Gomanhaães) a João Esteves, escudeiro do conde de Barcelos, que lha deu. Nesta mercê consta uma carta de D. João I de 7.5.1402 onde confirma o couto de metade da dita quintã a Álvaro Gonçalves de Freitas, seu vassalo e vedor da fazenda, que disse que no termo de Guimarães, na freguesia de S. João das Capelas, tinha uma quintã e aldeia que «se chama gomanhaães», coutada e honrada, que tinha do património de Mécia Rodrigues da Fonseca, abadessa que foi de Almoster, e de Mor Rodrigues sua irmã, mulher que é de Gonçalo Rodrigues Carvalho, por morte de Celestina Rodrigues sua avó. E por morte da dita Mécia, como o convento não podia, por lei, ficar com a sua metade, a vendeu ao dito Álvaro Gonçalves de Freitas. A outra metade ficou para a dita Mor Rodrigues e seu marido. E, com efeito, segundo um traslado de 14.2.1711 do Arquivo Particular da Casa de Gominhães, referido por Maria Adelaide Pereira de Morais («Velhas Casas de Guimarães», vol. 2, págs. 840 e 841), da “honra de Gominhães”, que comprara aos testamenteiros de Álvaro Gonçalves, fez 24.8.1421 o conde de Barcelos pura e irrevogável doação de juro e herdade para todo o sempre a João Esteves da Ponte, seu criado, filho de Estêvão Rodrigues, morador em Ponte de Lima, e a sua mulher Beringeira Dias. Esta Beringeira era filha de Diogo Martins, almoxarife em Guimarães, e de sua mulher Leonor Gonçalves, irmã do dito Álvaro Gonçalves de Freitas. De referir, a propósito, que aquelas Mor Rodrigues da Fonseca e sua irmã Mécia Rodrigues da Fonseca, abadessa de Almoster, falecida antes de 1402, eram certamente sobrinhas de D.Dórdia Rodrigues da Fonseca, que em 1335 já era abadessa de Almoster. Mas filhas de quem? D. Dórdia não teve nenhum irmão Rui/Rodrigo. Assim, o patronímico que usaram seria já a repetição do patronímico do pai. Sendo que a referida avó Celestina Rodrigues, de quem vinha Gominhães, era necessariamente avó materna. O que desfaz a dúvida. Com efeito, eram filhas de Mem Rodrigues da Fonseca (irmão daquela D.Dórdia) e de sua mulher Constança Gil Peixoto, que justamente era filha de Gil Vasques Peixoto e sua mulher Celestina Rodrigues, filha esta de Rui Martins do Casal e Aldonça Álvares de Resende.

2. A 14.12.1443 D. Afonso V nomeia João Esteves, morador na vila de Ponte de Lima, para o cargo de procurador do número da dita vila e seu termo, da mesma forma que fora seu pai.

3. A 26.2.1450 D. Afonso V confirma a João Esteves, escudeiro do duque de Bragança, todos os privilégios, foros, liberdades, frutos e novos, respeitantes à metade da quintã de Gominhães.

4. A 17.4.1450 D. Afonso V nomeia Diogo Esteves, criado do duque de Bragança, para o cargo de escrivão da escrivaninha na comarca de Entre Douro e Minho, em substituição de João de Ponte, seu irmão, destituído do ofício por o ter vendido sem licença régia.

5. A 9.6.1450 D. Afonso V privilegia João Esteves de Pontes, almoxarife de Guimarães, concedendo-lhe licença para que possa andar de besta muar.

6. 14.2.1452 D. Afonso V nomeia Gonçalo Lourenço, morador em Ponte de Lima, para o cargo de escrivão das sisas do julgado de Souto, termo de Ponte de Lima, em substituição de Estêvão Rodrigues, que morrera.

7. A 26.3.1455 D. Afonso V nomeia João Vicente, escudeiro, morador na vila de Ponte de Lima, a pedido do duque de Bragança, para o cargo de tabelião geral do cível e crime na dita vila e seu termo, em substituição de João Esteves, seu pai.

8. A 25.8.1455 D. Afonso V doa a João Henriques, almoxarife de Guimarães, filho de João Esteves da Ponte, escudeiro da Casa de D. Fernando, enquanto sua mercê for, as rendas e direitos do préstimo de Gominhães, termo da dita vila, que possuía seu pai, assim que este morrer.

9. A 3.3.1456 D. Afonso V nomeia Diogo Pires, a pedido do duque de Bragança, para o cargo de almoxarife de Guimarães, assim que falecer o seu pai João Esteves, que o dito ofício tinha.

10. A 14.2.1466 D. Afonso V nomeia João Esteves da Ponte, escudeiro do duque de Bragança, a pedido de Vasco Martins, seu conselheiro e requeredor da justiça em Arouca, na correição de Entre-o-Douro-e-Minho, para o cargo de procurador nessa correição, para além dos dois já existentes.

11. A 8.2.1475 D. Afonso V nomeia Estêvão Anes, filho de João de Ponte, morador no Souto de Rebordães, para o cargo de escrivão das sisas de Ponte de Lima e seu termo, em substituição de Lopo Felgueira, o Moço, morador em Ponte de Lima, que fora destituído por ser culpado na morte de várias pessoas.

Este João Esteves era assim filho de Estêvão Rodrigues, de Ponte de Lima, que se documenta ter sido, pelo menos, procurador do número desta vila e escrivão das sisas do julgado de Souto, tendo falecido em 1452. Pelo que dificilmente seria o Estêvão Rodrigues, tabelião de Ponte de Lima, que a 20.5.1385 teve de D. João I a terra de Santiago de Sá, no julgado de (Conollã), com todos os direitos, frutos, rendas e foros, como tinham o arcebispo de Santiago e os cónegos e Cabido, para si e seus sucessores. Mas este Estêvão Rodrigues talvez fosse avô do outro.

2.3 Dr. Pedro Esteves, que segue.

3. DR. PEDRO ESTEVES. Nascido em 1403.

E chegamos, finalmente, ao terceiro filho, o doutor Pedro Esteves, que terá nascido em 1403, justamente no ano do nascimento de D. Fernando, colaço com quem teve de partilhar o leite materno.

Falecido antes de 15 de Agosto de 1463:

Diz Gaio que o doutor Pedro Esteves faleceu em Junho de 1469, o que é errado, pois, como vimos, já se documenta morto a 15.8.1463, tendo certamente falecido pouco antes, dado o teor do documento.

E igualmente certo é que morreu antes de 15.8.1463, data em que o mesmo rei nomeou Fernão Pereira, fidalgo da Casa do conde de Guimarães, para o cargo de vedor das obras nas comarcas de Entre-o-Douro-e-Minho e Trás-os-Montes, em substituição do doutor Pedro Esteves, que morrera.

Afilhado do condestável Nuno Álvares Pereira:

Gaio diz que foi afilhado do condestável Nuno Álvares Pereira, como consta de um emprazamento que lhe fez a 10.6.1448 da quintã nova da terra de Paiva, pergaminho que diz constar no Arquivo da Casa de Bragança.

Formado em Salamanca, Cavaleiro da Casa de Dom Duarte. Coudel de Guimarães, em 1433.

Acrescenta que se formou em Salamanca, que foi cavaleiro da Casa de D. Duarte, que o fez coudel de Guimarães em 1433 (não consta na respectiva chancelaria), que D. Afonso V lhe deu em 1455 carta de privilégio para seus caseiros e lavradores (o que é falso, pois o Pedro Esteves que teve esta carta a 15 de Fevereiro era vassalo e morador em Freixo de Espada à Cinta) e que o duque de Bragança o fez ouvidor das suas terras a 21.4.1441 e seu procurador a 20.6.1442, enquanto não se lhe passava carta de vedor. E que depois foi do Conselho de D. Afonso V, tendo casado com Isabel Pinheiro, filha de Martim Gomes Lobo, também ouvidor do duque de Bragança.

Cavaleiro do Concelho de Dom Afonso V:

E, de facto, o doutor Pedro Esteves documenta-se como cavaleiro do Conselho de D. Afonso V quando este rei, a 24.6.1469 dá a sua viúva, Isabel Pinheiro, enquanto for viúva e mantiver a sua honra, carta de privilégio para os seus amos, mordomos, apaniguados, criados, lavradores e caseiros, para a comarca de Entre-Douro-e-Minho.

Tabelião das Audiências e Escrivão Público:

Tudo indica, ainda, que seja o Pedro Esteves que a 26.1.1439 foi nomeado para os cargos de tabelião das audiências e escrivão público, a pedido de Diogo Fernandes de Almeida, do Conselho e vedor da fazenda, em substituição de Estêvão Anes, seu pai, por ser velho e não poder exercer esse oficio.
Criado do Duque de Bragança:

Sendo certo que é o doutor Pedro Esteves, criado do duque de Bragança, a quem D. Afonso V a 10.6.1450 doou uma tença anual de 10.000 reais prata.

Casas na Vila de Barcelos:

O doutor Pedro Esteves fez casas na vila de Barcelos, que seu filho Álvaro Pinheiro acrescentou e são hoje conhecidas como o solar dos Pinheiro. Nelas colou as suas armas (quatro chaves penduradas), com a inscrição: «Estas casas mandou o doutor Pedro Esteves fazer no ano do Sr. de 1448». Seu filho Álvaro Pinheiro, que aumentou a casa inicial, também aí colocou as suas armas: um escudo partido, no 1º Pinheiro, de Barcelos (um pinheiro com o leão) e no 2º, cortado, as armas do pai e as dos Lobo.

Prazo das Religiosas do Mosteiro de Corpus Christi:

Diz ainda Gaio que, já casado Isabel Pinheiro, teve em prazo das religiosas do mosteiro de Corpus Christi (Gaia) a quintã de Revereda, em Stª Mª do Salto (que seria em complemento da outra metade, de sua mulher, conforme hipótese que adiante se refere), e a quinta de Portemim, em S. Clemente de Basto, por trespasse do duque D. Afonso. E que foi também senhor da aldeia de Curate, no concelho de Montalegre, que comprou em 1459, e que por morte de seu irmão João Esteves ficou também administrador do morgadio de Pouve, em nome de seu filho, sendo ainda administrador do vínculo que seu pai instituiu.






Túmulo do doutor Pedro Esteves e sua mulher, cabeça de Isabel Pinheiro e armas que estão na capela. Pormenor dos desenhos de Luís de Pina, in «Guimarães - O Labor da Grei», Francisco Martins (editor), Guimarães, 1928. A pedra de armas, parcialmente destruída, será de Isabel Pinheiro, pois trata-se de um escudo partido, o 1º das armas do marido; o 2º cortado, em cima as armas dos Lobo (que parecem partidas com as dos Pinheiro, estando estas em 1º) e em baixo de novo as do marido.

Torre dos Sinos:

O doutor Pedro Esteves iniciou a reconstrução da chamada Torre dos Sinos, ao lado da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães, a noroeste da igreja, para aí fazer capela para sua sepultura e de sua mulher, e que haveria de ser concluída pelos anos de 1513 por seu filho o bispo D. Diogo Pinheiro, também Dom prior da Colegiada. A capela fica nos fundos, com abóbada de pedra, na qual estão a par os dois túmulos, com os vultos dos dois primeiros fundadores em tamanho natural, e trajando vestidos de gala ao uso do seu tempo. São lavrados em pedra de Ançã, com silvados, arabescos e outros desenhos, hoje quase tudo a desfazer-se. Têm à cabeceira um altar de pedra, com a imagem de Cristo crucificado, onde noutro tempo se dizia missa. Corre em volta da igreja, de nascente a sul, o antigo claustro, formado por pequenos mas elegantes arcos de pedra, pousados sobre colunas de formosos e variados capitéis. Hoje tudo está envidraçado e incrustado de cal.

As Armas:

Gaio refere estes «dois túmulos de gesso levantados do chão com vultos de ambos em cima, o de Pedro Esteves com um Livro de baixo da cabeceira fingido do mesmo gesso, e sua m.er D. Isabel Pinheiro toucada com uma fita, que aperta a cabeça e a cerca ao redor junto às orelhas e em letras góticas estas palavras de uma parte = Isabel Pinheiro =, e de outra = sempre Vossa». Nestes túmulos, acrescenta Gaio, em cada um «se vê um escudo sustentado por dois leões». No de Isabel Pinheiro as armas dos Lobo, já parcialmente destruídas. No de Pedro Esteves diz que o escudo está tão gasto que não se percebem as peças, mas que seria um escudo com «quatro chaves penduradas por um cordel», igual ao que o doutor Pedro Esteves colocou na casa que fez em Barcelos. Com efeito, estas quatro chaves penduradas por um cordel (na verdade, dependuradas de um tronco) eram as armas usadas pelo doutor Pedro Esteves, provavelmente armas burguesas, que aqui, à falta de melhor designação, chamamos dos Esteves, e que ainda são usadas por seus filhos, esquarteladas com as dos Pinheiro e dos Lobo.

Esta heráldica levanta desde logo a questão de o doutor Pedro Esteves poder ser na verdade sobrinho paterno de Álvaro Anes de Cernache, uma vez que os Cernache usam umas armas totalmente diversas. Se o testamento referido por Gaio e outros autores é autêntico, e de facto Álvaro Anes de Cernache nomeou herdeiro do seu morgadio o sobrinho doutor Pedro Esteves, o mais certo é que fosse seu sobrinho por afinidade e que o dito morgadio obrigasse à sucessão legítima, tendo sido instituído por Álvaro Anes e sua mulher Senhorinha Anes, provavelmente a principal proprietária dos bens vinculados, prevendo já a instituição que, há falta de filhos do casal, sucederia o sobrinho dela. Neste caso, Senhorinha Anes não era irmã do contador Afonso Anes (de Beire), falecido em 1450, mas sim irmã de Estêvão Anes.

Na verdade, o filho legitimado de Álvaro Anes de Cernache, como ficou dito, chamou-se Fernão Álvares Vieira, como coevamente se documenta, embora depois também apareça como Fernão Álvares de Cernache. Usou o nome Vieira pela mãe, que era filha de João Gonçalves Vieira, cavaleiro e alcaide-mor de Loulé. Foi alcaide-mor de Loulé por D. Fernando I (CFºI, 4, 27v). A 8.3.1384 o mestre de Avis confirmou João Gonçalves de Vieira, cavaleiro, alcaide de Loulé, nas rendas e direitos da alcaidaria de Loulé (CJI, 1, 6,v). E a 23.8.1385 João Gonçalves de Vieira, cavaleiro, alcaide de Loulé, teve confirmação dos bens que o mestre de Avis lhe fizera a ele e a sua sogra Constança Bentez, mulher de Álvaro Afonso, nomeadamente as rendas e direitos da alcaidaria de Loulé, como já tinha de D. Fernando, e vários bens de raiz e verbas que seu falecido sogro gastou (ib, 1, 115). Mas é falso que Fernão Álvares Vieira (terá sido com este que os Cernache acrescentaram à heráldica inicial a bordadura de vieiras?) não tenha sucedido ao pai, pois sucedeu nos cargos e senhorio: a 28.6.1449 D. Afonso V nomeou Fernando Álvares Vieira, cavaleiro da Casa do duque de Bragança, e a seu pedido, para os cargos de capitão e coudel-mor dos besteiros e vassalos de cavalo do todo o reino e senhorios, bem como lhe concedeu licença para pôr anadeis, escrivão e porteiros dos ditos besteiros nos lugares onde julgue necessário, com todos os poderes que tinha Álvaro Anes de Cernache, seu pai, que morrera; e a 2.10.1475 doou a Fernando Álvares Vieira, cavaleiro da sua Casa, as três pesqueiras que foram de Maria, sua mulher, situadas no rio Douro, na terra de Gaia, termo da cidade do Porto, assim como ele tem a dita terra de Gaia. Assim, só não terá sucedido no morgadio, pelas razões que referi.

Casado, por volta de 1430, com ISABEL PINHEIRO. Nascida por volta de 1411. Falecida depois de 24 de Junho de 1469.

O doutor Pedro Esteves, como vimos, casou cerca 1430 com Isabel Pinheiro, nascida cerca de 1411 e falecida depois de 24.6.1469.

Filha de Martim Gomes (Lobo), Ouvidor de todas as terras do 1º Duque de Bragança, e de Mor Esteves Pinheiro.

Isabel Pinheiro e suas referidas irmãs eram filhas de Martim Gomes (Lobo), ouvidor de todas as terras do 1º duque de Bragança (1419), e de sua mulher Mor Esteves Pinheiro. Este Martim Gomes (sem Lobo), que no epitáfio vem como conselheiro do duque de Bragança, documento-o a 25.3.1435 como ouvidor do conde D. Afonso, quando D. Duarte confirmou um seu criado, João Fraco ou Franco, como escrivão das sisas de Vermoim. E a 7.11.1439 D. Afonso V confirmou o privilégio a Martim Gomes, morador em Estremoz, irmão de Gil Lobo, confessor do rei D. Duarte, que sendo escrivão das obras desse concelho, ficou autorizado a escrever os recibos de todas as despesas relativas às obras, recebendo para seu mantimento o mesmo que recebem os escrivães das outras obras. Mais tarde, a 20.12.1450, o mesmo rei doou a Martim Gomes, irmão de Frei Gil Lobo, uma tença de 1.200 reais de prata. Era portanto Lobo, embora não se documente com este nome. Martim Gomes (Lobo) era portanto irmão do célebre Frei Gil Lobo, franciscano, confessor do rei D. Duarte, que escreveu parte do «Leal Conselheiro», a mando do rei, como ele próprio diz («uu conselho apropriado a duas barcas que frei Gil Lobo, meu confessor, que Deos perdoe, screveo per minha envençom»). Alguns autores modernos, que defendem uma autoria póstuma, argumentam que a fórmula «que Deus perdoe» não significa necessariamente que Frei Gil Lobo morreu em vida de D. Duarte, dizendo que ele foi depois confessor do infante D. Pedro, durante a regência, e ainda de Afonso V, sustentando-se num documento do Archivio Segreto Vaticano (Reg. Suppl. 448, 266rv) datado de 23.2.1451, que contém uma súplica de um frei Gil de Tavira. Sobre o qual D. Afonso V diz numa sua carta (Além Douro, 4, 184): «A quamtos esta carta virem fazemos saber que por os muytos serviços que frey gill de tavira abade do mosteiro de sam Joham dalpemdorada tem fectos a elRey meu senhor e padre cuja alma deus aja e a nos em seendo nosso pregador e confessor e meestre». Mas estes autores desconhecem as cartas de D. Afonso V, referidas acima, onde Frei Gil Lobo é referido assim (não como Frei Gil de Tavira) e como confessor de D. Duarte, o que significa que não era seu. Mas tudo indica que de facto ainda estava vivo em 1450, pois dificilmente Martim Gomes seria ainda referido como irmão de Frei Gil Lobo nesta data se este tivesse morrido antes de D. Duarte.

As genealogias não sabem ao certo de quem era filho este Martim Gomes (Lobo), e portanto seu irmão Frei Gil Lobo, dizendo apenas que era parente dos barões de Alvito e deitando-se depois a adivinhar o nome dos pais. Pelo patronímico (e até pelo patronímico usado pela filha Beatriz Anes), e pelo prenome do irmão, devia ser filho de Gomes Anes Lobo e sobrinho de Gil Anes Lobo, ambos filhos de João Peres Lobo, escudeiro, alcaide-mor de Castelo de Vide (15.6.1337) - que era primo-direito do 1º senhor de Alvito Diogo Lopes Lobo -, e de sua mulher Beatriz Gil, que era tia de D. Gil Fernandes de Elvas, alcaide-mor de Elvas, famoso capitão de D. João I, muito referido na sua crónica, que lhe deu o nome de Elvas e o tratamento de Dom. Ainda apenas como Gil Fernandes, escudeiro, morador em Elvas, teve a 29.3.1384 mercê dos direitos da alcaidaria de Elvas e do serviço dos judeus desta vila. A 23.9.1384 D.João I doou a Gil Fernandes, seu escudeiro e criado de D. Fernando I, para si e seus sucessores, os bens móveis e de raiz que Dom Abraão tinha em Santarém e seu termo e noutros lugares, que perdera por «deserujços». A 20.12.1384 D. João I doou a Gil Fernandes, seu vassalo, morador em Elvas, todas as rendas, direitos e reguengos da vila de Arronches e seu termo.

Foram Pais de:

3.1 Catarina Pinheiro. Nascida cerca de 1431, que foi a 1ª mulher de Álvaro Anes de Cernache, também nascido cerca de 1431 e falecido antes de 13.8.1518, com testamento de 9.12.1512, senhor de Gaia-a-Maior (30.5.1496), fidalgo da Casa Real, que pediu o ofício de anadel-mor de besteiros a cavalo que seu pai tinha, mas recusou-lho D. João II a 25.1.1484, dando-lhe por ele uma tença de 10.000 reais, recusa que D. Manuel I confirmou a 29.2.1496, extinguindo depois o cargo. Álvaro Anes foi depois dizimeiro da alfândega da cidade do Porto e juiz do mar dessa cidade (confirmação de 1496, como era com D. João II), ouvidor de todos os feitos dos mercadores e marinheiros do Porto (26.5.1486, confirmado a 29.2.1496), e a 29.2.1496 teve carta de privilégio de fidalgo. A 30.5.1496 Álvaro Anes Cernache, cavaleiro da Casa d'el rei, teve confirmação da doação da terra da Gaia, a Maior, com todos os direitos, tal como tinha seu pai, Fernando Álvares de Cernache, cavaleiro da Casa d'el rei, morador no Porto, pela apresentação de uma carta feita em Samora a 20.10.1475. 26 dias antes tivera confirmação da doação das terras pesqueiras no rio Douro, na terra de Gaia, termo do Porto, tal como os tinha Fernando Álvares Vieira, pela apresentação de uma carta feita em Samora a 21.10.1475. Este Álvaro Anes de Cernache era filho do já referido Fernando Álvares Vieira, filho legitimado de Álvaro Anes de Cernache, também já referido, tio (por afinidade) do doutor Pedro Esteves, e de Clana Anes (Vieira). C.g. conhecida.

3.2 Beatriz Pinheiro. Nascida cerca de 1432, que se documenta com seu marido entre 1470 e 1496 no fundo do convento de Nª Sª da Rosa da Caparica (informação que agradeço ao Dr. José Augusto Oliveira). Gaio diz que foi dama da infanta D. Beatriz, mulher do infante D. Fernando, duque de Viseu, o qual lhe deu uma tença anual por seu casamento, que D. Manuel confirmou a 15.5.1501. Casou antes de 1470 com Pedro Vaz da Veiga, filho de Tristão Vaz da Veiga. É o Pedro Vaz da Veiga, cavaleiro fidalgo da Casa do infante D. Fernando, que se documenta a 24.1.1459 e 28.3.1468. E o homónimo, fidalgo da Casa do infante D. Fernando, a quem este deu a 28.7.1465 uma tença de 15.000 reais, confirmada por D. João II a 24.2.1485 e por D. Manuel a 13.2.1497. Gaio dá ao casal vários filhos, entre os quais uma D. Isabel Pinheiro casada com Fernão Martins de Almada, o que se confirma, pois a 9.5.1502 Fernão Martins de Almada, fidalgo da Casa Real, nomeou procurador para cobrar 50.000 reais da sua tença e da de D. Isabel Pinheiro, sua mulher. Pedro Vaz da Veiga era irmão de Diogo Vaz da Veiga, cavaleiro fidalgo da Casa de D. Afonso V, escrivão do corregedor de Lisboa, etc., casado na Madeira com Beatriz Cabral. A 16.11.1471 D. Afonso V doou a Diogo Vasques da Veiga, cavaleiro da sua Casa, enquanto sua mercê for, uma tença anual de 8.000 reais de prata, a partir de 1 de Janeiro de 1472. E a 19.7.1481 o mesmo rei nomeou Diogo Vaz da Veiga, cavaleiro e fidalgo da sua Casa, para o cargo de escrivão do corregedor de Lisboa, em substituição de Álvaro Rodrigues. Pedro e Diogo Vaz da Veiga eram filhos de Tristão Vaz da Veiga (a 4.11.1454 D. Afonso V privilegiou André da Veiga, sobrinho de Tristão Vasques da Veiga, concedendo-lhe licença para andar em besta muar de sela e freio) e de sua mulher Leonor Taveira; e netos paternos, segundo Alão, de Vasco Lourenço de Abreu e sua mulher Maria Anes da Veiga. Esta Maria Anes era, segundo Alão, irmã de João da Veiga, o Moço, e de Fernão da Veiga (que deve ser o Fernão da Veiga que a 27.8.1437 se documenta com herdades no termo de Arruda, dando origem aos Veiga de Montemor-o-Novo), todos filhos de João da Veiga, o Velho, e sua mulher Inez Pires. Alão diz que este João da Veiga, o Velho, foi «muito honrado homem» nos reinados de D. Fernando I e D. João I, cidadão de Lisboa e um dos procuradores desta cidade às Cortes de Coimbra, estando sepultado com sua mulher no mosteiro de S. Francisco de Lisboa, na capela do Salvador, onde tinham missa quotidiana (que ela instituiu um morgadio). É, portanto, o João da Veiga, cavaleiro, que a 24.5.1399 se documenta com casas em Lisboa, o João da Veiga, o Velho, que a 6.6.1399 se documenta com casas na Rua Nova, nesta cidade, e ainda o João da Veiga, mercador, a quem o mestre de Avis doou a 7.9.1384 o foro (de 100 libras anuais) de umas casas que tinha na Rua Nova, em Lisboa, para si e para duas vidas após a sua morte. Já tinha falecido a 2.4.1436 quando D. Duarte emprazou por três vidas a João Vasques de Almada umas casas na Rua Nova, em Lisboa, contíguas às «casas que forom de joham da ueiga o uelho». A 2.5.1436 o mesmo rei doou um chão em Lisboa na Judiaria Velha, na rua que chamam do Picoto, a Samuel Romão, que confinava com uns «sobrados dos herdey(ros) de Joham da ueiga que traz Jsaque francez».

3.3 Doutor Martim Pinheiro. Nascido cerca de 1433, que primeiro usou Martim Gomes, o nome do avô materno. Foi cavaleiro do Concelho e corregedor da corte (20.4.1509). Como Martim Gomes tirou ordens menores em Braga a 4.3.1452, como filho do doutor Pedro Esteves e de sua mulher Isabel Pinheiro, então moradores em Santa Maria de Barcelos. A 18.4.1453 D. Afonso V doou a Martim Gomes, filho do doutor Pedro Esteves, enquanto sua mercê for, uma tença anual, para os seus estudos, de 4.800 reais de prata, a partir de 1.1.1453. A 13.2.1466 o mesmo rei doou a Martim Gomes, filho do doutor Pedro Esteves, enquanto sua mercê for, uma tença anual de 6.000 reais de prata, a partir de1.1.1466. Já usava o nome Martim Pinheiro quando a 3.9.1487 teve carta de ordenado. A 12.2.1490 teve uma tença de 4.000 reais. A 8.6.1500 o doutor Martim Pinheiro passou recibo de uma arroba de pólvora para despesa da caravela Santa Maria da Graça, que tinha recebido de Martim Anes, almoxarife de Alcácer. A 17.4.1501 o doutor Martinho Pinheiro, do Concelho do rei e corregedor da corte, passou recibo a João Rodrigues Mascarenhas, pagador dos desembargadores, de 15.000 reais de seu primeiro quartel. E a 6 de Julho do mesmo ano passou ao mesmo recibo de 15.000 reais de seu mantimento, voltando a fazê-lo a 13 de Novembro, relativo ao 3º quartel, e a 13.1.1502, relativo ao último quartel do ano de 1501, pelo que recebia então 60.000 reais de ordenado anual. Já tinha falecido a 24.6.1511 quando sua viúva, D. Catarina Pinto, fez procuração a Diogo Borges, fidalgo da Casa Real e morador em Viseu, para em seu nome cobrar 15.000 reais da sua tença que tem naquele almoxarifado. A 2.5.1515 sua viúva D. Catarina Pinto teve provisão para receber 15.000 reais de tença, e sua filha D. Simoa para receber 24.000 reais de tença. D. Catarina já tinha falecido a 11.8.1525, quando seus herdeiros tiveram provisão para receber a sua tença 15.000 reais. Gaio diz que a si e sua mulher, sendo ele já corregedor da Corte, o convento de Corpus Christi (Gaia) lhe renovou a 5.10.1491 o prazo da já referida quintã de Revereda, em Stª Mª do Salto, com todos os seus casais, pertenças e direito, na forma que o doutor Pedro Esteves e sua mulher a tiveram e onde fizeram muitos acrescentamentos e benfeitorias, pelo foro de 2.400 reais, a 6 seitis cada real, tudo feito por escritura de João Barbosa, tabelião do Porto, em pergaminho que estava no Arquivo da Casa de Bragança. A confirmar-se o que deixei dito sobre esta quintã, o doutor Martim Pinheiro terá herdado a outra metade, que lhe viria dos seu 4º avô Fernão Gonçalves Camelo. O doutor Martim Pinheiro casou, portanto antes de 1491, com D. Catarina Pinto, filha de Gonçalo Vaz Pinto, 1º senhor de juro e herdade de Ferreiros e Tendais (14.8.1484), fidalgo do Conselho de D.Afonso V, seu vedor da fazenda de «Além Mar em África» (1472) e corregedor das justiças de Trás-os-Montes (8.7.1476), etc., e de sua 2ª mulher Inez Rodrigues de Góis, que no seu testamento aparece referida como mulher de Gonçalo Vaz Pinto, do Concelho, e pede para ser sepultada em Mesão Frio e depois trasladada para Santarém «a dicta minha carne for gastada que levem minha ossada a Santarém e que me lancem na capela de meu padre (…) e ponham um muimento sobre a dita cova e seja muito bem lavrado» (ANTT; Santa Clara de Santarém, 6, 15v - 17v). A 1.4.1453 o mesmo rei doou a Gonçalo Vasques Pinto, cavaleiro da sua Casa, uma parte da tença anual de 4.770 reais de prata, até perfazer a quantia de 57.143 reais que lhe era devida pelo seu casamento (o 1º, com Leonor Gil, que ele matou). A 31.12.1457 perdoou a justiça régia a Gonçalo Vasques Pinto, cavaleiro da sua Casa, culpado da morte de sua mulher, Leonor Gil, contanto que sirva 3 anos na cidade de Ceuta. A 19.5.1472 doou a Gonçalo Vasques Pinto, do seu Conselho, vedor da fazenda dos lugares de Além-Mar em África, uma tença anual de 8.000 reais de prata, a serem pagos dos tributos régios que se arrecadem em África, aos mouros tributários. A 11.10.1476 doou a Gonçalo Vasques Pinto, regedor das justiças reais na comarca de Trás-os-Montes, a quantia anual de mantimento de seu ofício de 18.000 reais de prata. E depois doou-lhe uma tença anual de 6.000 reais de prata a partir de 1.1.1481, a juntar à quantia que já lhe fora doada, o que perfaz a soma total de 24.000 reais. A 6.9.1484 deu-lhe outra tença de 18.000 reais. O doutor Martim Pinheiro e sua mulher tiveram dois filhos: Francisco Pinheiro, que morreu solteiro na Índia, e D. Simoa Pinheiro, que se documenta em 1515, como ficou dito, e que casou com D. Manuel Rolim, senhor de Azambuja, c.g. O filho deve ser o Francisco Pinheiro que morreu antes de 30.6.1529, data em que seus herdeiros tiveram provisão para receber no almoxarifado de Ponte de Lima 10.610 reais à conta de maior quantia.

3.4 Álvaro Pinheiro. Nascido cerca de 1435 e falecido depois de 24.5.1511, que também aparece como Álvaro Pires e Álvaro Pinheiro Lobo. Como Álvaro Pires tirou ordens menores em Braga a 20.12.1455, como filho do doutor Pedro Esteves e de sua mulher Isabel Pinheiro, então moradores em Santa Maria de Barcelos. Era escudeiro fidalgo da Casa Real com 1.000 reais de moradia em 1469, acrescentado cavaleiro fidalgo com 1.200 reais em 1474 (confirmado em 1477). D. Afonso V a 20.4.1473 perdoou a justiça régia a João de França, criado de Álvaro Pinheiro, pela fuga da prisão e por querela que dele deu Álvaro Vasques, morador em Barcelos, na sequência do perdão geral outorgado aos homiziados que serviram na armada e conquista da vila de Arzila e cidade de Tânger, bem como mediante o perdão das partes. Foi alcaide-mor (interino) de Barcelos e ainda vivia a 5.8.1484, quando teve uma tença de 15.000 reais. Teve carta de perdão a 22.8.1491 e deve ainda ser o Álvaro Pinheiro que 17.3.1508 passou recibo dos 15.000 reais de tença que lhe pagou Lopo Pereira, almoxarife de Ponte de Lima; o Álvaro Pinheiro, fidalgo da Casa Real, que a 28.4.1509, 26.51510 e 24.5.1511 teve provisão para receber em Ponte de Lima 15.000 reais de tença, e o Álvaro Pinheiro, escudeiro do duque de Bragança e ouvidor de Ormuz, que a 12.5.1519 escreveu um carta ao rei, expondo os serviços que tinha feito e algumas coisas pertencentes ao governo da Índia. Gaio diz que teve o padroado da igreja de Cristelo e a administração da capela da Torre dos Sinos, um vínculo instituído por seu avô Estêvão Anes e o morgadio de Pouve, instituído por seu tio João Esteves. Isto indicaria que era o irmão mais velho, mas não creio, pois seu irmão Martim tirou ordens menores três anos antes do que ele. Por outro lado, o doutor Martim Pinheiro terá herdado a quintã de Revereda, quer a metade de raiz quer a sucessão no prazo da outra metade, conforme a hipótese que ficou referida acima. Álvaro Pinheiro casou com D. Joana (Pereira ou de Lacerda), que se documenta bem apenas como D. Joana, que faleceu depois de 19.6.1485, data da partilha dos bens de sua mãe, e antes de 10.5.1509, data da partilha dos bens de seu pai. Era filha Nuno Pereira e de sua mulher D. Guiomar da Silva, cujos bens, por escritura lavrada em Serpa na data referida, foram partilhados pelo marido e pelos seus 13 filhos, a saber: Reimão Pereira (casado com D. Isabel), Álvaro Pereira (casado com D. Filipa), D.Joana (mulher de Álvaro Pinheiro, que levou procuração da mulher, passada em Barcelos a 11.2.1484), Diogo Nunes Pereira (casado com D. Filipa), D. Isabel (mulher de João de Faria) e os menores Rui Dias, Garcia Pereira, D. Maria, Henrique Pereira, D. Catarina, D. Margarida, Duarte Pereira e João Rodrigues, todos representados pelo pai. Por morte de Nuno Pereira fizeram-se partilhas na data referida, mas D. Joana já tinha falecido, comparecendo à escritura seu filho Henrique Pinheiro, com procurações de suas irmãs D. Filipa Pereira, D. Isabel Pereira, D. Maria Pereira, «dona» de Santos, e D. Helena, menores que estavam sob o poder de seu pai. A esta partilha compareceram também Diogo Nunes Pereira, Duarte Pereira, Rui Dias Pereira, João Rodrigues Pereira, D. Margarida, freira no mosteiro de Nª Sª da Conceição de Beja, os filhos (entre eles Manuel de Lacerda) e viúva de Reimão Pereira, João de Faria, viúvo de D. Isabel Pereira, Martim Quaresma, viúvo de D. Maria e curador dos filhos de ambos, e os filhos menores de Álvaro Pereira, tutelados pela mãe. Nuno Pereira foi alcaide-mor da Vidigueira e Vila Nova de Frades (30.9.1483). A 16.9.1483 D. João II doou a Nuno Pereira os direitos reais da Vidigueira e Vila Nova de Frades e a 30.9.1483 as respectivas alcaidarias-mores. Parece que foi também alcaide-mor de Portel. Em 1455 documenta-se apenas como Nuno Pereira, morador em Serpa, quando, com seu irmão Rui Dias de Serpa, foram perdoados um ano do seu degredo, a que tinham sido condenados por umas mortes que tinham feito em Serpa, numa contenda com João de Mello. Em 1480 vivia em Portel com sua mulher D. Guiomar, quando tiram ordens menores em Évora os filhos de ambos Álvaro Pereira, Rui Dias, Garcia Pereira, Henrique Pereira, Duarte Pereira, Henrique Pereira e João. De Álvaro Pinheiro e sua mulher nasceram vários filhos, sendo o sucessor Henrique Pinheiro, que em 1512 e 1513 se documenta como fidalgo da casa do duque de Bragança e capitão da gente de Barcelos, e em 1515 já como alcaide-mor de Barcelos. A 25.9.1523, ainda como alcaide-mor de Barcelos, teve uma tença de 15.000 reais. Deste Henrique foi irmã D. Isabel Pereira, menor em 1509, que veio a casar com Diogo Correa, senhor de Fralães, com geração nesta Casa, como refiro no meu Ensaio sobre a origem dos Correa, senhores de Fralães.

3.5 D. Diogo Pinheiro. Nascido cerca de 1437 e falecido em Tomar em Julho de 1526, 1º bispo do Funchal (1514-1526), primaz das Índias, desembargador do Paço e petições, Dom prior da Colegiada de Guimarães (6.1.1503-1513), vigário geral da Ordem de Cristo, em Tomar, doutor in utroque jure, comendatário de Carvoeiro, S. Simão da Junqueira e Castro de Avelãs, capelão e fidalgo da casa do duque de Bragança D. Jaime e depois de D. Manuel I e seu conselheiro, etc. Foi advogado do duque de Bragança D. Fernando, quando D. João II o condenou à morte. Escreveu um manifesto em que pretendia mostrar a inocência do duque de Bragança, e protestou energicamente contra as monstruosidades do processo, o que fez com que perdesse as boas graças de D. João II. Jaz em Tomar, como já ficou dito. Teve filhos bastardos, nomeadamente D. Rodrigo Pinheiro, que foi bispo de Angra (1540-1552) e do Porto (1552-1572).

3.6 Doutor João Pinheiro. Nascido cerca de 1439 e falecido em 1507. Foi abade de Stª Catarina da Anobra (5.12.1488), doutor em Direito Canónico e Teologia e deão da Capela Real de D. Manuel I. Teve duas cartas de perdão, de 7.2.1491 e 17.7.1492.

3.7 D. Maria Pinheiro. Nascida cerca de 1441, que estava viúva a 7.8.1512, data em que D. Maria Pinheiro, viúva de Pedro de Souza, passou recibo dos 20.000 reais que recebeu da sua tença anual, assente no almoxarifado de Ponte de Lima. Volta a passar recibo desta tença a 6.4.1514 e 15.4.1515, passando a 24.7.1515 procuração a João Afonso, abade de S. Fins, para a receber. Casou com Pedro de Souza, nascido cerca 1435, que tirou ordens menores em Braga a 17.2.1448, foi alcaide-mor de Outeiro de Miranda (antes de 30.10.1458, data em que D. Afonso V nomeou João Afonso, escudeiro, criado de Pedro de Sousa, morador no Outeiro de Miranda, para o cargo de juiz das sisas régias do dito lugar) e depois alcaide-mor de Seabra (Sanábria, Galiza). A 29.4.1491 teve de D. João II uma tença de 15.000 reais. Gaio diz que foi meirinho-mor das terras do duque de Bragança D. Fernando. Era filho de Martim Afonso de Souza e sua mulher Violante Lopes de Távora (vide o meu estudo sobre a Origem dos Souza ditos do Prado). C.g.

3.8 Leonor Pinheiro. Nascida cerca de 1443. Casou com Martim Ferreira, 7º morgado de Cavaleiros e de Cete, 6º morgado de Fajozes, etc., c.g. (vide o meu Ensaio sobre a origem dos Ferreira).

Reflexões sobre a Origem dos Pinheiros, de Barcelos.
Manuel Abranches de Soveral
2007

4. DONA MARIA PINHEIRO casada com PEDRO DE SOUSA, 1º Senhor de Prado, Patriarcas da 4ª Geração da Família de Sousa.

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